




Para entender o imenso e divertido universo dos mangás
A Bienal 360º já deu uma passada pelo universo dos mangás no Dia da Imigração da Japonesa, citando principalmente os títulos que estão fazendo sucesso atualmente, mas o assunto está longe de esgotar. Há um sem-fim de obras clássicas que não foram mencionadas e uma dúvida que pode afligir quem está começando, ou pretende começar, a consumir quadrinhos japoneses: como se guiar em meio às centenas de capítulos, arcos narrativos, sagas?
É mais fácil do que parece: um está contido no outro e, naturalmente, se complementam. Uma saga é formada por uma longa história principal, que é contada em capítulos; dentro desses capítulos existem os arcos narrativos, que podem ser vistos como pequenas sagas dentro da história principal. Em One piece, por exemplo, mangá escrito e desenhado por Eiichiro Oda desde 1997 e que já passou dos mil capítulos:
- A primeira saga se chama “East blue”, que vai do capítulo 1 ao 100
- Dentro dessa saga, o primeiro arco é o do “Capitão Morgan” e vai do capítulo 1 ao 7
- Na sequência, o arco de “Buggy, o palhaço” vai do capítulo 8 ao 21
E assim a história do personagem Luffy continua, com variados arcos dentro de uma mesma saga. A lógica continua a mesma quando troca uma saga, mas a história toma outros rumos. Trata-se, basicamente, da progressão da narrativa. O aconselhável, claro, é que se comece do começo, pois as informações vão se acumulando e os objetivos dos personagens vão mudando.

Sagas
Se a intenção é acompanhar um mangá de ponta a ponta, não dá para escapar do primeiro capítulo. Mas também existe a possibilidade de ler somente uma saga — caso você queira conferir aquela que é mais famosa ou benquista pelos fãs, por exemplo. Neste caso, Dragon ball pode ilustrar bem o ponto.
No cultuado trabalho de Akira Toriyama, que começou a ser publicado em 1984, há sagas bem marcadas. Entre as mais conhecidas estão as dos vilões Cell e Majin Boo. A primeira vai dos capítulos 330 ao 420 e a segunda, do 421 ao 519. Caso queira ler somente uma delas, basta seguir os capítulos mencionados. A experiência não é a mesma de acompanhar tudo desde o primeiro capítulo, mas é uma saída para quem quer apenas conhecer determinada parte de uma produção.

Estilos
Dentro do universo dos mangás há estilos específicos, inclusive produções pensadas somente para o público masculino ou feminino — não que essa barreira não possa ser superada, é claro. Os estilos mais famosos, e dentro dos quais estão alguns dos títulos mais festejados, são shounen, shoujo e seinen.
Shonen
O shonen é voltado para o público infantojuvenil masculino e foi o responsável por popularizar os quadrinhos japoneses, fazendo que com que ganhassem o mundo. A marca principal do estilo é a ação — ou, grosso modo, a porradaria. O já mencionado Dragon ball, protagonizado por Goku, é um dos grandes representantes desse subgênero, e aqui vão alguns mais:
- Os cavaleiros do zodíaco, de Masami Kurumada
- Rurouni Kenshin, de Nobuhiro Watsuki, adaptado para o famoso anime Samurai X
- Yu Yu Hakusho, de Yoshihiro Togashi

Shoujo
As histórias do shoujo também são direcionadas para o público infantojuvenil, mas feminino. Diferentemente dos traços mais fortes do shonen, neste a arte costuma ter mais clareza e há mais doses de romance.
Alguns bons representantes:
- Sakura Card Captors, do quarteto de mulheres Clamp
- Sailor Moon, de Naoko Takeuchi
- Fruits Basket, de Natsuki Takaya

Seinen
Voltado para o público adulto, este estilo oferece algumas das produções mais “sérias” surgidas a partir dos anos 1970. Nas páginas dos seinen destacam-se o existencialismo, a superação e temas perturbadores.
Um dos mangás desse estilo, Vagabond, é inspirado no épico da literatura Musashi, de Eiji Yoshikawa, que conta a saga do samurai que dá nome à obra em busca de autocontrole e de se tornar “o invencível sobre a Terra”.
Outras boas opções:
- Akira, de Katsuhiro Otomo
- Lobo solitário, de Kazuo Koike e Goseki Kojima
- Old boy, de Garon Tsuchiya e Nobuaki Minegishi, que inspirou um filme coreano homônimo de 2003
